quarta-feira, 22 de setembro de 2010


"E então será preciso estar dentro do sistema para poder subvertê-lo um dia..."



Seja a mudança que você deseja ver no mundo.

Mahatma Gandhi

A verdade sobre a Maconha (matéria da revista Superinteressante)


A verdade sobre a maconha
A proibição da cannabis pode ter mais a ver com interesses morais, políticos e econômicos do que com argumentos científicos. Saiba mais sobre os efeitos dela e sua influência na história da civilização.

Por que a maconha é proibida? Porque faz mal à saúde. Será mesmo? Então, por que o bacon não é proibido? Ou as anfetaminas? E, diga-se de passagem, nenhum mal sério à saúde foi comprovado para o uso esporádico de maconha. A guerra contra essa planta foi motivada muito mais por fatores raciais, econômicos, políticos e morais do que por argumentos científicos. E algumas dessas razões são inconfessáveis. Tem a ver com o preconceito contra árabes, chineses, mexicanos e negros, usuários freqüentes de maconha no começo do século XX. Deve muito aos interesses de indústrias poderosas dos anos 20, que vendiam tecidos sintéticos e papel e queriam se livrar de um concorrente, o cânhamo. Tem raízes também na bem-sucedida estratégia de dominação dos Estados Unidos sobre o planeta. E, é claro, guarda relação com o moralismo judaico-cristão (e principalmente protestante-puritano), que não aceita a idéia do prazer sem merecimento - pelo mesmo motivo, no passado, condenou-se a masturbação.

Não é fácil falar desse assunto - admito que levei um dia inteiro para compor o parágrafo acima. O tema é tão carregado de ideologia e as pessoas têm convicções tão profundas sobre ele que qualquer convite ao debate, qualquer insinuação de que estamos lidando mal com o problema já é interpretada como "apologia às drogas" e, portanto, punível com cadeia. O fato é que, apesar da desinformação dominante, sabe-se muito sobre a maconha. Ela é cultivada há milênios e centenas de pesquisas já foram feitas sobre o assunto. O que tentei fazer foi condensar nestas páginas o conhecimento que a humanidade reuniu sobre a droga nos milênios em que convive com ela.



Por que é proibido?

"O corpo esmagado da menina jazia espalhado na calçada um dia depois de mergulhar do quinto andar de um prédio de apartamentos em Chicago. Todos disseram que ela tinha se suicidado, mas, na verdade, foi homicídio. O assassino foi um narcótico conhecido na América como marijuana e na história como haxixe. Usado na forma de cigarros, ele é uma novidade nos Estados Unidos e é tão perigoso quanto uma cascavel." Começa assim a matéria "Marijuana: assassina de jovens", publicada em 1937 na revista American Magazine. A cena nunca aconteceu. O texto era assinado por um funcionário do governo chamado _______________. Se a maconha, hoje, é ilegal em praticamente todo o mundo, não é exagero dizer que o maior responsável foi ele.

Nas primeiras décadas do século XX, a maconha era liberada, embora muita gente a visse com maus olhos. Aqui no Brasil, maconha era "coisa de negro", fumada nos terreiros de candomblé para facilitar a incorporação e nos confins do país por agricultores depois do trabalho. Na Europa, ela era associada aos imigrantes árabes e indianos e aos incômodos intelectuais boêmios. Nos Estados Unidos, quem fumava eram os cada vez mais numerosos mexicanos - meio milhão deles cruzaram o Rio Grande entre 1915 e 1930 em busca de trabalho. Muitos não acharam. Ou seja, em boa parte do Ocidente, fumar maconha era relegado a classes marginalizadas e visto com antipatia pela classe média branca.

Pouca gente sabia, entretanto, que a mesma planta que fornecia fumo às classes baixas tinha enorme importância econômica. Dezenas de remédios - de xaropes para tosse a pílulas para dormir - continham cannabis. Quase toda a produção de papel usava como matéria-prima a fibra do cânhamo, retirada do caule do pé de maconha. A indústria de tecidos também dependia da cannabis - o tecido de cânhamo era muito difundido, especialmente para fazer cordas, velas de barco, redes de pesca e outros produtos que exigissem um material muito resistente. A Ford estava desenvolvendo combustíveis e plásticos feitos a partir do óleo da semente de maconha. As plantações de cânhamo tomavam áreas imensas na Europa e nos Estados Unidos.

Em 1920, sob pressão de grupos religiosos protestantes, os Estados Unidos decretaram a proibição da produção e da comercialização de bebidas alcoólicas. Era a Lei Seca, que durou até 1933. Foi aí que Henry Anslinger surgiu na vida pública americana - reprimindo o tráfico de rum que vinha das Bahamas. Foi aí, também, que a maconha entrou na vida de muita gente - e não só dos mexicanos. "A proibição do álcool foi o estopim para o 'boom' da maconha", afirma o historiador inglês Richard Davenport-Hines, especialista na história dos narcóticos, em seu livro The Pursuit of Oblivion (A busca do esquecimento, ainda sem versão para o Brasil). "Na medida em que ficou mais difícil obter bebidas alcoólicas e elas ficaram mais caras e piores, pequenos cafés que vendiam maconha começaram a proliferar", escreveu.

Anslinger foi promovido a chefe da Divisão de Controle Estrangeiro do Comitê de Proibição e sua tarefa era cuidar do contrabando de bebidas. Foi nessa época que ele percebeu o clima de antipatia contra a maconha que tomava a nação. Clima esse que só piorou com a quebra da Bolsa, em 1929, que afundou a nação numa recessão. No sul do país, corria o boato de que a droga dava força sobre-humana aos mexicanos, o que seria uma vantagem injusta na disputa pelos escassos empregos. A isso se somavam insinuações de que a droga induzia ao sexo promíscuo (muitos mexicanos talvez tivessem mais parceiros que um americano puritano médio, mas isso não tem nada a ver com a maconha) e ao crime (com a crise, a criminalidade aumentou entre os mexicanos pobres, mas a maconha é inocente disso). Baseados nesses boatos, vários Estados começaram a proibir a substância. Nessa época, a maconha virou a droga de escolha dos músicos de jazz, que afirmavam ficar mais criativos depois de fumar.

Anslinger agarrou-se firme à bandeira proibicionista, batalhou para divulgar os mitos antimaconha e, em 1930, quando o governo, preocupado com a cocaína e o ópio, criou o FBN (Federal Bureau of Narcotics, um escritório nos moldes do FBI para lidar com drogas), ele articulou para chefiá-lo. De repente, de um cargo burocrático obscuro, Anslinger passou a ser o responsável pela política de drogas do país. E quanto mais substâncias fossem proibidas, mais poder ele teria.

Mas é improvável que a cruzada fosse motivada apenas pela sede de poder. Outros interesses devem ter pesado. Anslinger era casado com a sobrinha de Andrew Mellon, dono da gigante petrolífera Gulf Oil e um dos principais investidores da igualmente gigante Du Pont. "A Du Pont foi uma das maiores responsáveis por orquestrar a destruição da indústria do cânhamo", afirma o escritor Jack Herer, em seu livro The Emperor Wears No Clothes (O imperador está nu, ainda sem tradução). Nos anos 20, a empresa estava desenvolvendo vários produtos a partir do petróleo: aditivos para combustíveis, plásticos, fibras sintéticas como o náilon e processos químicos para a fabricação de papel feito de madeira. Esses produtos tinham uma coisa em comum: disputavam o mercado com o cânhamo.

Seria um empurrão considerável para a nascente indústria de sintéticos se as imensas lavouras de cannabis fossem destruídas, tirando a fibra do cânhamo e o óleo da semente do mercado. "A maconha foi proibida por interesses econômicos, especialmente para abrir o mercado das fibras naturais para o náilon", afirma o jurista Wálter Maierovitch, especialista em tráfico de entorpecentes e ex-secretário nacional antidrogas.

Anslinger tinha um aliado poderoso na guerra contra a maconha: William Randolph Hearst, dono de uma imensa rede de jornais. Hearst era a pessoa mais influente dos Estados Unidos. Milionário, comandava suas empresas de um castelo monumental na Califórnia, onde recebia artistas de Hollywood para passear pelo zoológico particular ou dar braçadas na piscina coberta adornada com estátuas gregas. Foi nele que Orson Welles se inspirou para criar o protagonista do filme Cidadão Kane. Hearst sabidamente odiava mexicanos. Parte desse ódio talvez se devesse ao fato de que, durante a Revolução Mexicana de 1910, as tropas de Pancho Villa (que, aliás, faziam uso freqüente de maconha) desapropriaram uma enorme propriedade sua. Sim, Hearst era dono de terras e as usava para plantar eucaliptos e outras árvores para produzir papel. Ou seja, ele também tinha interesse em que a maconha americana fosse destruída - levando com ela a indústria de papel de cânhamo.

Hearst iniciou, nos anos 30, uma intensa campanha contra a maconha. Seus jornais passaram a publicar seguidas matérias sobre a droga, às vezes afirmando que a maconha fazia os mexicanos estuprarem mulheres brancas, outras noticiando que 60% dos crimes eram cometidos sob efeito da droga (um número tirado sabe-se lá de onde). Nessa época, surgiu a história de que o fumo mata neurônios, um mito repetido até hoje. Foi Hearst que, se não inventou, ao menos popularizou o nome marijuana (ele queria uma palavra que soasse bem hispânica, para permitir a associação direta entre a droga e os mexicanos). Anslinger era presença constante nos jornais de Hearst, onde contava suas histórias de terror. A opinião pública ficou apavorada. Em 1937, Anslinger foi ao Congresso dizer que, sob o efeito da maconha, "algumas pessoas embarcam numa raiva delirante e cometem crimes violentos".

Os deputados votaram pela proibição do cultivo, da venda e do uso da cannabis, sem levar em conta as pesquisas que afirmavam que a substância era segura. Proibiu-se não apenas a droga, mas a planta. O homem simplesmente cassou o direito da espécie Cannabis sativa de existir.

Anslinger também atuou internacionalmente. Criou uma rede de espiões e passou a freqüentar as reuniões da Liga das Nações, antecessora da ONU, propondo tratados cada vez mais duros para reprimir o tráfico internacional. Também começou a encontrar líderes de vários países e a levar a eles os mesmos argumentos aterrorizantes que funcionaram com os americanos. Não foi difícil convencer os governos - já na década de 20 o Brasil adotava leis federais antimaconha. A Europa também embarcou na onda proibicionista.

"A proibição das drogas serve aos governos porque é uma forma de controle social das minorias", diz o cientista político Thiago Rodrigues, pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos. Funciona assim: maconha é coisa de mexicano, mexicanos são uma classe incômoda. "Como não é possível proibir alguém de ser mexicano, proíbe-se algo que seja típico dessa etnia", diz Thiago. Assim, é possível manter sob controle todos os mexicanos - eles estarão sempre ameaçados de cadeia. Por isso a proibição da maconha fez tanto sucesso no mundo. O governo brasileiro achou ótimo mais esse instrumento para manter os negros sob controle. Os europeus também adoraram poder enquadrar seus imigrantes.

A proibição foi virando uma forma de controle internacional por parte dos Estados Unidos, especialmente depois de 1961, quando uma convenção da ONU determinou que as drogas são ruins para a saúde e o bem-estar da humanidade e, portanto, eram necessárias ações coordenadas e universais para reprimir seu uso. "Isso abriu espaço para intervenções militares americanas", diz Maierovitch. "Virou um pretexto oportuno para que os americanos possam entrar em outros países e exercer os seus interesses econômicos."

Estava erguida uma estrutura mundial interessada em manter as drogas na ilegalidade, a maconha entre elas. Um ano depois, em 1962, o presidente John Kennedy demitiu Anslinger - depois de nada menos que 32 anos à frente do FBN. Um grupo formado para analisar os efeitos da droga concluiu que os riscos da maconha estavam sendo exagerados e que a tese de que ela levava a drogas mais pesadas era furada. Mas não veio a descriminalização. Pelo contrário. O presidente Richard Nixon endureceu mais a lei, declarou "guerra às drogas" e criou o DEA (em português, Escritório de Coação das Drogas), um órgão ainda mais poderoso que o FBN, porque, além de definir políticas, tem poder de polícia.



Maconha faz mal?

Taí uma pergunta que vem sendo feita faz tempo. Depois de mais de um século de pesquisas, a resposta mais honesta é: faz, mas muito pouco e só para casos extremos. O uso moderado não faz mal. A preocupação da ciência com esse assunto começou em 1894, quando a Índia fazia parte do Império Britânico. Havia, então, a desconfiança de que o bhang, uma bebida à base de maconha muito comum na Índia, causava demência. Grupos religiosos britânicos reivindicavam sua proibição. Formou-se a Comissão Indiana de Drogas da Cannabis, que passou dois anos investigando o tema. O relatório final desaconselhou a proibição: "O bhang é quase sempre inofensivo quando usado com moderação e, em alguns casos, é benéfico. O abuso do bhang é menos prejudicial que o abuso do álcool".

Em 1944, um dos mais populares prefeitos de Nova York, Fiorello La Guardia, encomendou outra pesquisa. Em meio à histeria antimaconha de Anslinger, La Guardia resolveu conferir quais os reais riscos da tal droga assassina. Os cientistas escolhidos por ele fizeram testes com presidiários (algo comum na época) e concluíram: "O uso prolongado da droga não leva à degeneração física, mental ou moral". O trabalho passou despercebido no meio da barulheira proibicionista de Anslinger.

A partir dos anos 60, várias pesquisas parecidas foram encomendadas por outros governos. Relatórios produzidos na Inglaterra, no Canadá e nos Estados Unidos aconselharam um afrouxamento nas leis. Nenhuma dessas pesquisas foi suficiente para forçar uma mudança. Mas a experiência mais reveladora sobre a maconha e suas conseqüências foi realizada fora do laboratório. Em 1976, a Holanda decidiu parar de prender usuários de maconha desde que eles comprassem a droga em cafés autorizados. Resultado: o índice de usuários continua comparável aos de outros países da Europa. O de jovens dependentes de heroína caiu - estima-se que, ao tirar a maconha da mão dos traficantes, os holandeses separaram essa droga das mais pesadas e, assim, dificultaram o acesso a elas.

Nos últimos anos, os possíveis males da maconha foram cuidadosamente escrutinados - às vezes por pesquisadores competentes, às vezes por gente mais interessada em convencer os outros da sua opinião. Veja abaixo um resumo do que se sabe:

Câncer
Não se provou nenhuma relação direta entre fumar maconha e câncer de pulmão, traquéia, boca e outros associados ao cigarro. Isso não quer dizer que não haja. Por muito tempo, os riscos do cigarro foram negligenciados e só nas últimas duas décadas ficou claro que havia uma bomba-relógio armada - porque os danos só se manifestam depois de décadas de uso contínuo. Há o temor de que uma bomba semelhante esteja para explodir no caso da maconha, cujo uso se popularizou a partir dos anos 60. O que se sabe é que o cigarro de maconha tem praticamente a mesma composição de um cigarro comum - a única diferença significativa é o princípio ativo. No cigarro é a nicotina, na maconha o tetrahidrocanabinol, ou THC. Também é verdade que o fumante de maconha tem comportamentos mais arriscados que o de cigarro: traga mais profundamente, não usa filtro e segura a fumaça por mais tempo no pulmão (o que, aliás, segundo os cientistas, não aumenta os efeitos da droga).

Em compensação, boa parte dos maconheiros fuma muito menos e pára ou reduz o consumo depois dos 30 anos (parar cedo é sabidamente uma forma de diminuir drasticamente o risco de câncer). Em resumo: o usuário eventual de maconha, que é o mais comum, não precisa se preocupar com um aumento grande do risco de câncer. Quem fuma mais de um baseado por dia há mais de 15 anos deve pensar em parar.

Dependência
Algo entre 6% e 12% dos usuários, dependendo da pesquisa, desenvolve um uso compulsivo da maconha (menos que a metade das taxas para álcool e tabaco). A questão é: será que a maconha é a causa da dependência ou apenas uma válvula de escape. "Dependência de maconha não é problema da substância, mas da pessoa", afirma o psiquiatra Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Escola Paulista de Medicina. Segundo Dartiu, há um perfil claro do dependente de maconha: em geral, ele é jovem, quase sempre ansioso e eventualmente depressivo. Pessoas que não se encaixam nisso não desenvolvem o vício. "E as que se encaixam podem tanto ficar dependentes de maconha quanto de sexo, de jogo, de internet", diz.

Muitos especialistas apontam para o fato de que a maconha está ficando mais perigosa - na medida em que fica mais potente. Ao longo dos últimos 40 anos, foi feito um melhoramento genético, cruzando plantas com alto teor de THC. Surgiram variedades como o skunk. No último ano, foram apreendidos carregamentos de maconha alterada geneticamente no Leste europeu - a engenharia genética é usada para aumentar a potência, o que poderia aumentar o potencial de dependência. Segundo o farmacólogo Leslie Iversen, autor do ótimo The Science of Marijuana (A ciência da maconha, sem tradução para o português) e consultor para esse tema da Câmara dos Lordes (o Senado inglês), esses temores são exagerados e o aumento da concentração de THC não foi tão grande assim.

Para além dessa discussão, o fato é que, para quem é dependente, maconha faz muito mal. Isso é especialmente verdade para crianças e adolescentes. "O sujeito com 15 anos não está com a personalidade formada. O uso exagerado de maconha pode ser muito danoso a ele", diz Dartiu. O maior risco para adolescentes que fumam maconha é a síndrome amotivacional, nome que se dá à completa perda de interesse que a droga causa em algumas pessoas. A síndrome amotivacional é muito mais freqüente em jovens e realmente atrapalha a vida - é quase certeza de bomba na escola e de crise na família.

Danos cerebrais
"Maconha mata neurônios." Essa frase, repetida há décadas, não passa de mito. Bilhões de dólares foram investidos para comprovar que o THC destrói tecido cerebral - às vezes com pesquisas que ministravam doses de elefante em ratinhos -, mas nada foi encontrado.

Muitas experiências foram feitas em busca de danos nas capacidades cognitivas do usuário de maconha. A maior preocupação é com a memória. Sabe-se que o usuário de maconha, quando fuma, fica com a memória de curto prazo prejudicada. São bem comuns os relatos de pessoas que têm idéias que parecem geniais durante o "barato", mas não conseguem lembrar-se de nada no momento seguinte. Isso acontece porque a memória de curto prazo funciona mal sob o efeito de maconha e, sem ela, as memórias de longo prazo não são fixadas (é por causa desse "desligamento" da memória que o usuário perde a noção do tempo). Mas esse dano não é permanente. Basta ficar sem fumar que tudo volta a funcionar normalmente. O mesmo vale para o raciocínio, que fica mais lento quando o usuário fuma muito freqüentemente.

Há pesquisas com usuários "pesados" e antigos, aqueles que fumam vários baseados por dia há mais de 15 anos, que mostraram que eles se saem um pouco pior em alguns testes, principalmente nos de memória e de atenção. As diferenças, no entanto, são sutis. Na comparação com o álcool, a maconha leva grande vantagem: beber muito provoca danos cerebrais irreparáveis e destrói a memória.

Coração
O uso de maconha dilata os vasos sangüíneos e, para compensar, acelera os batimentos cardíacos. Isso não oferece risco para a maioria dos usuários, mas a droga deve ser evitada por quem sofre do coração.

Infertilidade
Pesquisas mostraram que o usuário freqüente tem o número de espermatozóides reduzido. Ninguém conseguiu provar que isso possa causar infertilidade, muito menos impotência. Também está claro que os espermatozóides voltam ao normal quando se pára de fumar.

Depressão imunológica
Nos anos 70, descobriu-se que o THC afeta os glóbulos brancos, células de defesa do corpo. No entanto, nenhuma pesquisa encontrou relação entre o uso de maconha e a incidência de infecções.

Loucura
No passado, acreditava-se que maconha causava demência. Isso não se confirmou, mas sabe-se que a droga pode precipitar crises em quem já tem doenças psiquiátricas.

Gravidez
Algumas pesquisas apontaram uma tendência de filhos de mães que usaram muita maconha durante a gravidez de nascer com menor peso. Outras não confirmaram a suspeita. De qualquer maneira, é melhor evitar qualquer droga psicoativa durante a gestação. Sem dúvida, a mais perigosa delas é o álcool.



Maconha faz bem?

No geral, não. A maioria das pessoas não gosta dos efeitos e as afirmações de que a erva, por ser "natural", faz bem, não passam de besteira. Outros adoram e relatam que ela ajuda a aumentar a criatividade, a relaxar, a melhorar o humor, a diminuir a ansiedade. É inevitável: cada um é um.

O uso medicinal da maconha é tão antigo quanto a maconha. Hoje há muitas pesquisas com a cannabis para usá-la como remédio. Segundo o farmacólogo inglês Iversen, não há dúvidas de que ela seja um remédio útil para muitos e fundamental para alguns, mas há um certo exagero sobre seus potenciais. Em outras palavras: a maconha não é a salvação da humanidade. Um dos maiores desafios dos laboratórios é tentar separar o efeito medicinal da droga do efeito psicoativo - ou seja, criar uma maconha que não dê "barato". Muitos pesquisadores estão chegando à conclusão de que isso é impossível: aparentemente, as mesmas propriedades químicas que alteram a percepção do cérebro são responsáveis pelo caráter curativo. Esse fato é uma das limitações da maconha como medicamento, já que muitas pessoas não gostam do efeito mental. No Brasil, assim como em boa parte do mundo, o uso médico da cannabis é proibido e milhares de pessoas usam o remédio ilegalmente. Conheça alguns dos usos:

Câncer
Pessoas tratadas com quimioterapia muitas vezes têm enjôos terríveis, eventualmente tão terríveis que elas preferem a doença ao remédio. Há medicamentos para reduzir esse enjôo e eles são eficientes. No entanto, alguns pacientes não respondem a nenhum remédio legal e respondem maravilhosamente à maconha. Era o caso do brilhante escritor e paleontólogo Stephen Jay Gould, que, no mês passado, finalmente, perdeu uma batalha de 20 anos contra o câncer (veja mais sobre ele na página 23). Gould nunca tinha usado drogas psicoativas - ele detestava a idéia de que interferissem no funcionamento do cérebro. Veja o que ele disse: "A maconha funcionou como uma mágica. Eu não gostava do 'efeito colateral' que era o borrão mental. Mas a alegria cristalina de não ter náusea - e de não experimentar o pavor nos dias que antecediam o tratamento - foi o maior incentivo em todos os meus anos de quimioterapia".

Aids
Maconha dá fome. Qualquer um que fuma sabe disso (aliás, esse é um de seus inconvenientes: ela engorda). Nenhum remédio é tão eficiente para restaurar o peso de portadores do HIV quanto a maconha. E isso pode prolongar muito a vida: acredita-se que manter o peso seja o principal requisito para que um soropositivo não desenvolva a doença. O problema: a cannabis tem uma ação ainda pouco compreendida no sistema imunológico. Sabe-se que isso não representa perigo para pessoas saudáveis, mas pode ser um risco para doentes de Aids.

Esclerose múltipla
Essa doença degenerativa do sistema nervoso é terrivelmente incômoda e fatal. Os doentes sentem fortes espasmos musculares, muita dor e suas bexigas e intestinos funcionam muito mal. Acredita-se que ela seja causada por uma má função do sistema imunológico, que faz com que as células de defesa ataquem os neurônios. A maconha alivia todos os sintomas. Ninguém entende bem por que ela é tão eficiente, mas especula-se que tenha a ver com seu pouco compreendido efeito no sistema imunológico.

Dor
A cannabis é um analgésico usado em várias ocasiões. Os relatos de alívio das cólicas menstruais são os mais promissores.

Glaucoma
Essa doença caracteriza-se pelo aumento da pressão do líquido dentro do olho e pode levar à cegueira. Maconha baixa a pressão intraocular. O problema é que, para ser um remédio eficiente, a pessoa tem que fumar a cada três ou quatro horas, o que não é prático e, com certeza, é nocivo (essa dose de maconha deixaria o paciente eternamente "chapado"). Há estudos promissores com colírios feitos à base de maconha, que agiriam diretamente no olho, sem afetar o cérebro.

Ansiedade
Maconha é um remédio leve e pouco agressivo contra a ansiedade. Isso, no entanto, depende do paciente. Algumas pessoas melhoram após fumar; outras, principalmente as pouco habituadas à droga, têm o efeito oposto. Também há relatos de sucesso no tratamento de depressão e insônia, casos em que os remédios disponíveis no mercado, embora sejam mais eficientes, são também bem mais agressivos e têm maior potencial de dependência.

Dependência
Dois psiquiatras brasileiros, Dartiu Xavier e Eliseu Labigalini, fizeram uma experiência interessante. Incentivaram dependentes de crack a fumar maconha no processo de largar o vício. Resultado: 68% deles abandonaram o crack e, depois, pararam espontaneamente com a maconha, um índice altíssimo. Segundo eles, a maconha é um remédio feito sob medida para combater a dependência de crack e cocaína, porque estimula o apetite e combate a ansiedade, dois problemas sérios para cocainômanos. Dartiu e Eliseu pretendem continuar as pesquisas, mas estão com problemas para conseguir financiamento - dificilmente um órgão público investirá num trabalho que aposte nos benefícios da maconha.



O passado

O primeiro registro do contato entre o Homo sapiens e a Cannabis sativa é de 6 000 anos atrás. Trata-se da marca de uma corda de cânhamo impressa em cacos de barro, na China. O emprego da fibra, não só em cordas mas também em vários tecidos e, depois, na fabricação de papel, é um dos mais antigos usos da maconha. Graças a ele, a planta, original da região ao norte do Afeganistão, nos pés do Himalaia, tornou-se a primeira cultivada pelo homem com usos não alimentícios e espalhou-se por toda a Ásia e depois pela Europa e África.

Mas há um uso da maconha que pode ser tão antigo quanto o da fibra do cânhamo: o medicinal. Os chineses conhecem há pelo menos 2 000 anos o poder curativo da droga, como prova o Pen-Ts'ao Ching, considerado a primeira farmacopéia conhecida do mundo (farmacopéia é um livro que reúne fórmulas e receitas de medicamentos). O livro recomenda o uso da maconha contra prisão-de-ventre, malária, reumatismo e dores menstruais. Também na Índia, a erva já há milênios é parte integral da medicina ayurvédica, usada no tratamento de dezenas de doenças. Sem falar que ela ocupa um lugar de destaque na religião hindu. Pela mitologia, maconha era a comida favorita do deus Shiva, que, por isso, viveria o tempo todo "chapado". Tomar bhang seria uma forma de entrar em comunhão com Shiva.

O Hinduísmo não é a única religião a dar destaque para a cannabis. Para os budistas da tradição Mahayana, Buda passou seis anos comendo apenas uma semente de maconha por dia. Sua iluminação teria sido atingida após esse período de quase-jejum. Da Índia, a maconha migrou para a Mesopotâmia, ainda em tempos pré-cristãos, e de lá para o Oriente Médio. Portanto, ela já estava presente na região quando começou a expansão do Império Árabe. Com a proibição do álcool entre o povo de Maomé, iniciou-se uma acalorada discussão sobre se a maconha deveria ser banida também. Por séculos, consumiu-se cannabis abundantemente nas terras muçulmanas até que, na Idade Média, muitos islâmicos abandonaram o hábito. A exceção foram os sufi, membros de uma corrente considerada mais mística e esotérica do Islã, que, até bem recentemente, consideravam a cannabis fundamental em seus ritos.

Os gregos usaram velas e cordas de cânhamo nos seus navios, assim como, depois, os romanos. Sabe-se que o Império Romano tinha pelo menos conhecimento dos poderes psicoativos da maconha. O historiador latino Tácito, que viveu no século I d.C., relata que os citas, um povo da atual Turquia, tinham o costume de armar uma tenda, acender uma fogueira e queimar grande quantidade de maconha. Daí ficavam lá dentro, numa versão psicodélica do banho turco.

Graças ao contato com os árabes, grande parte da África conheceu a erva e incorporou-a aos seus ritos e à sua medicina - dos países muçulmanos acima do Saara até os zulus da África do Sul. A Europa toda também passou a plantar maconha e usava extensivamente a fibra do cânhamo, mas há raríssimos registros do seu uso como psicoativo naquele continente. Pode ser que isso se deva ao clima. O THC é uma resina produzida pela planta para proteger suas folhas e flores do sol forte. Na fria Europa, é possível que tenha se desenvolvido uma variação da Cannabis sativa com menos THC, já que não havia tanto sol para ameaçar o arbusto.

O fato é que, na Renascença, a maconha se transformou no principal produto agrícola da Europa. E sua importância não foi só econômica: a planta teve uma grande participação na mudança de mentalidade que ocorreu no século XV. Os primeiros livros depois da revolução de Gutemberg foram impressos em papel de cânhamo. As pinturas dos gênios da arte eram feitas em telas de cânhamo (canvas, a palavra usada em várias línguas para designar "tela", é uma corruptela holandesa do latim cannabis). E as grandes navegações foram impulsionadas por velas de cânhamo - segundo o autor americano Rowan Robinson, autor de O Grande Livro da Cannabis, havia 80 toneladas de cânhamo, contando o velame e as cordas, no barco comandado por Cristóvão Colombo em 1496. Ou seja, a América foi descoberta graças à maconha. Irônico.

Sobre as luzes da Renascença caíram as sombras da Inquisição - um período em que a Igreja ganhou muita força e passou a exercer o papel de polícia, julgando hereges em seu tribunal e condenando bruxas à fogueira. "As bruxas nada mais eram do que as curandeiras tradicionais, principalmente as de origem celta, que utilizavam plantas para tratar as pessoas, às vezes plantas com poderes psicoativos", diz o historiador Henrique Carneiro, especialista em drogas da Universidade Federal de Ouro Preto. Não há registros de que maconheiros tenham sido queimados no século XVI - inclusive porque o uso psicoativo da maconha era incomum na Europa -, mas é certo que cristalizou-se naquela época uma antipatia cristã por plantas que alteram o estado de consciência. "O Cristianismo afirmou seu caráter de religião imperial e, sob seus domínios, a única droga permitida é o álcool, associado com o sangue de Cristo", diz Henrique.

Em 1798, as tropas de Napoleão conquistaram o Egito. Até hoje não estão muito claras as razões pelas quais o imperador francês se aventurou no norte da África (vaidade, talvez). Mas pode ser que o principal motivo fosse a intenção de destruir as plantações de maconha, que abasteciam de cânhamo a poderosa Marinha da Inglaterra. O fato é que coube a Napoleão promulgar a primeira lei do mundo moderno proibindo a maconha. Os egípcios eram fumantes de haxixe, a resina extraída da folha e da flor da maconha constituída de THC concentrado. Mas a proibição saiu pela culatra. Os egípcios ignoraram a lei e continuaram fumando como sempre fizeram. Em compensação, os europeus ouviram falar da droga e ela rapidamente virou moda na Europa, principalmente entre os intelectuais. "O haxixe está substituindo o champagne", disse o escritor Théophile Gautier em 1845, depois da conquista da Argélia, que, na época, era outro grande consumidor de THC.

No Brasil, a planta chegou cedo, talvez ainda no século XVI, trazida pelos escravos (o nome "maconha" vem do idioma quimbundo, de Angola. Mas, até o século XIX, era mais usual chamar a erva de fumo-de-angola ou de diamba, nome também quimbundo). Por séculos, a droga foi tolerada no país, provavelmente fumada em rituais de candomblé (teria sido o presidente Getúlio Vargas que negociou a retirada da maconha dos terreiros, em troca da legalização da religião). Em 1830, o Brasil fez sua primeira lei restringindo a planta. A Câmara Municipal do Rio de Janeiro tornou ilegal a venda e o uso da droga na cidade e determinou que "os contraventores serão multados, a saber: o vendedor em 20 000 réis, e os escravos e demais pessoas, que dele usarem, em três dias de cadeia." Note que, naquela primeira lei proibicionista, a pena para o uso era mais rigorosa que a do traficante. Há uma razão para isso. Ao contrário do que acontece hoje, o vendedor vinha da classe média branca e o usuário era quase sempre negro e escravo.



O presente

Segundo dados da ONU, 147 milhões de pessoas fumam maconha no mundo, o que faz dela a terceira droga psicoativa mais consumida do mundo, depois do tabaco e do álcool. A droga é proibida em boa parte do mundo, mas, desde que a Holanda começou a tolerá-la, na década de 70, alguns outros países europeus seguiram os passos da descriminalização. Itália e Espanha há tempos aceitam pequenas quantidades da erva - embora a Espanha esteja abandonando a posição branda e haja projetos de lei, na Itália, no mesmo sentido. O Reino Unido acabou de anunciar que descriminalizou o uso da maconha - a partir do ano que vem, a droga será apreendida e o portador receberá apenas uma advertência verbal. Os ingleses esperam, assim, poder concentrar seus esforços na repressão de drogas mais pesadas.

No ano passado, Portugal endureceu as penas para o tráfico, mas descriminalizou o usuário de qualquer droga, desde que ele seja encontrado com quantidades pequenas. Porte de drogas virou uma infração administrativa, como parar em lugar proibido.

Nos últimos anos, os Estados Unidos também mudaram sua forma de lidar com as drogas. Dentro da tendência mundial de ver a questão mais como um problema de saúde do que criminal, o país, em vez de botar na cadeia, obriga o usuário a se tratar numa clínica para dependentes. "Essa idéia é completamente equivocada", afirma o psiquiatra Dartiu Xavier, refletindo a opinião de muitos especialistas. "Primeiro porque nem todo usuário é dependente. Segundo, porque um tratamento não funciona se é compulsório - a pessoa tem que querer parar", diz. No sistema americano, quem recusa o tratamento ou o abandona vai para a cadeia. Portanto, não é uma descriminalização. "Chamo esse sistema de 'solidariedade autoritária'", diz o jurista Maierovitch. O Brasil planeja adotar o mesmo modelo.



O futuro

Há possibilidades de uma mudança no tratamento à maconha? "No Brasil, não é fácil", diz Maierovitch, que, enquanto era secretário nacional antidrogas do governo de Fernando Henrique Cardoso, planejou a descriminalização. "A lei hoje em vigor em Portugal foi feita em conjunto conosco, com o apoio do presidente", afirma. A idéia é que ela fosse colocada em prática ao mesmo tempo nos dois países. Segundo Maierovitch, Fernando Henrique mudou de idéia depois. O jurista afirma que há uma enorme influência americana na política de drogas brasileira. O fato é que essa questão mais tira do que dá votos e assusta os políticos - e não só aqui no Brasil. O deputado federal Fernando Gabeira, hoje no Partido dos Trabalhadores, é um dos poucos identificados com a causa da descriminalização. "Pretendo, como um primeiro passo, tentar a legalização da maconha para uso médico", diz. Mas suas idéias estão longe de ser unanimidade mesmo dentro do seu partido.

No remoto caso de uma legalização da compra e da venda, haveria dois modelos possíveis. Um seria o monopólio estatal, com o governo plantando e fornecendo as drogas, para permitir um controle maior. A outra possibilidade seria o governo estabelecer as regras (composição química exigida, proibição para menores de idade, proibição para fumar e dirigir), cobrar impostos (que seriam altíssimos, inclusive para evitar que o preço caia muito com o fim do tráfico ilegal) e a iniciativa privada assumir o lucrativo negócio. Não há no horizonte nenhum sinal de que isso esteja para acontecer. Mas a Super apurou, em consulta ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, que a Souza Cruz registrou, em 1997, a marca Marley - fica para o leitor imaginar que produto a empresa de tabaco pretende comercializar com o nome do ídolo do reggae.



Frases

"A popularidade da maconha explodiu em 1920, quando o álcool foi proibido"

"O consumo moderado de maconha não provoca nenhum dano sério à saúde"

"Das cordas às velas, havia 80 toneladas de cânhamo no navio de Colombo"



Para saber mais

Na livraria

O Grande Livro da Cannabis, Rowan Robinson, Jorge Zahar, 1999

A Maconha, Fernando Gabeira, Publifolha, 2000

Science of Marijuana, Leslie L. Iversen, Oxford, Ingleterra, 2000

The Pursuit of Oblivion: A Global History of Narcotics 1500-2000, Richard Davenport-Hines, Weidenfeld & Nicolson, Ingleterra, 2001

Diamba Sarabamba, Anthony Henman e Osvaldo Pessoa Jr. (organizações), Ground, 1986

Plantas de los Dioses, Richard Evans Schultes e Albert Hofmann, Fondo de Cultura Económica, México, 1982

The Emperor Wears no Clothes, Jack Herer, Green Planet Company, Inglaterra, 1994

Green Gold the Tree of Life, Chris Bennett, Lynn e Osbum, Judy Osbum, Access, EUA, 1995

Amores e Sonhos da Flora, Henrrique Carneiro, Xamã, 2002

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Problemas que o uso incorreto do termo podem causar...





Qual é o nome daqueles bichinhos vivos no danone?

Oxiurus ou lactobacilos vivos?

O Ministério da Saúde adverte "Em caso de irritação, suspenda o uso e procure orientação médica"

Fuga das galinhas...


Inacreditavelmente bizarro...
Eis que num final de tarde de um sabado ou domingo, o dia na verdade não importa muito, estou eu a frente de uma televisão recheada de opções...
Porque não passar algumas horas vendo o que o mundo televisivo anda disseminando por ai. Bem, olha só o filme escolhido: Fuga das galinhas. O pq do filme? R: desenho animado voltado para o público infantil...relembrando que crianças são adultos pequenos drogados...logo: Assistir desenho..rs
A parte bizarra da história...o filme é estremante anormal e previsivel....como?
Bem, vamos fazer um resumo da história...
Há uma granja com varias galinhas que não sabem o que há depois dos portãos...
Uma galinha outsider, (porque não se enquadra no perfil das outras) percebe o que esta acontecendo e pensa em uma forma de sair daquele mundinho mecânico (engorda e bota).
Outro personagem digno de comentário: Rocky o galo boa pinta...boa pinta mais malandro e pra finalizar dois ratos contrabandistas...
resumindo o galo diz que sabe voar, mas na real ele trampa num esquema que o dispara de um canhão, ilude as galinhas (elas o acham o maximo) e de repente ele foge quando ta no apice do filme. A cena ...ele dando um rolê pela estrada com um radinho de pilha até que vê um cartaz que retoma o problema na granja e volta...
Na granja a galinha hippe pensando em uma solução enquanto as galinhas normais (comem e botam) estão totalmente insanas pelo motivo de saber que serão feitas tortas de galinhas por uma maquina maluca...bem, de repente elas dizem a respeito do galo rocky (malandro que as enganou chegando pondo moral e na hora H foge) eis então a parte que mais me chamou atenção do filme todo me colocando a pensar sobre a produção de filme norte americanos e a imposição cultural...
comentário de uma das galinhas: Ele nem deve ser americano!
em seguida elas começam a agredirem umas as outras, enquanto a galinha hiponga esta ali sussegada pensando em nada quando mais uma vez....de repente...rs
ELA VÊ UM ARTEFATO DE METAL QUE SIMBOLIZA UMA AGUÍA...ÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒ
tem simbolo mais norte americano que esse?
quando ela olha pro artefato as trevas da mente dela se tranforma em luz e ela tem a grande e brilhante idéia de construir um transporte que as tire salvas dali...
Depois disso a história é uma piada.
Os ratos (que se reparar bem aparecem com correntes, terninho justo, brinco na orelha e com um estilo todo hip hop ) trocam ovos por ferramentas...
Final da história o galo viril volta no desfecho do filme faz par com a galinha outsider, a vilã se dá mal, eles encontram um lugar pra repousar o final de seus dias "santuário das galinhas" não seria ai uma forma de remeter ao sonho americo?...Liberdade em um espaço em que se pode alcançar o mundo eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee...ultima cena: dois ratos pensando como fazer dinheiro e discutindo quem veio primeiro, o ovo ou a galinha!


FiM!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Filosofia Messiana


Depois de assistir um trecho do filme Fantasia de 1940 produzido pela Disney....eis que escuto o comentário filosófico messiano..

" A criança é um adulto drogado pequeno".

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Definições...




Foi a melhor definição que alguem poderia dar depois de... vamos dizer, simpatizar com o perfil de um desconhecido na internet.

O perfil...

quem sou eu:

(fulano) nasceu dia 28 de dezembro de 1987 em São Carlos. Capricórnio, com ascendente em aquário. No horóscopo chinês é coelho. Mãe sãocarlense de coração grande, teve 2 filhos e criou 22. Pai palmeirense de gênio carcamano. Troca as mãos pelos pés. Fala pelos cotovelos. Sorri com os olhos. Pensa com o coração. Aprendeu que não era o centro do universo com 2 anos. Sentiu o mar pela primeira vez aos 4. Ganhou uma cachorra aos 5 e uma bicicleta aos 7, quando também foi pela primeira vez a um estádio de futebol. Com 8 ganhou sua primeira medalha na natação. Aos 9 quebrou um dente, e também caiu de bicicleta. Com 11 mudou de escola e deixou grandes amigos que nunca mais viu. Beijou na boca com 12. E aos 13 terminou um livro, pela primeira vez. Aos 14 se apaixonou pela primeira vez, e foi aí que teve sua primeira desilusão amorosa. Não bebia álcool até os 15, quando tomou o primeiro porre na festa de uma desconhecida colega, hoje crente. Aos 16 aprendeu que as pessoas morrem e conheceu amigos que se relaciona até hoje. Com 17 escorregou jogando boliche, e fez seu primeiro strike. Com 18 passou pela primeira vez na faculdade, em uma cidade distante. Conheceu amigos com os quais desejaria manter contato até hoje. Com 19 tirou a roupa. Ainda com 19 passou na faculdade pela segunda vez, agora no curso que desejava, sem saber. Aprendeu que podia ser amado com 20. E com 20 teve seu primeiro namoro, com uma garota que gostaria de conviver mais. Aos 21, saiu de casa. Conheceu Espírito Santo, Pará e Rio Grande do Sul, fazendo alguns amigos que gostaria de rever. Fez sua primeira tatuagem. Descobriu que leite puro é mais gostoso que Nescau. Ainda com 21 escolheu(?) pessoas para contar. Aos 22 esperou alguém voltar, teve momentos com muitos adjetivos e foi traído pela primeira vez (o pior é que viu). Mudou pra São Paulo e se confundiu com seus planos. Tinha planos. Ainda com 22 foi pela primeira vez a uma ópera e também caiu no vão entre o trem e a plataforma. Não gosta de gente que fala baixo. Nem de quem não o deixa falar. Ou de quem não gosta de escutar suas histórias. Tem medo de montanha-russa, mas se arrisca às vezes. Jurava odiar karaokê até se desbravar nos acordes de Alcione, a Loba. Odiava carnaval até ir para São Luis do Paraitinga, duas vezes. Para irritá-lo é só deixa-lo sem poder dormir ou comer. Se apaixona de cara e intensamente. Não sabe ir gostando com o tempo, nem comer moderadamente. Ou beber socialmente. Muito menos tomar decisões ou brincar de vaca amarela. Come pipoca, fala e dorme quando assiste filmes. Troca coca-cola por chimarrão. Sanduíche por PF. Piscina por praia. Filme por livro. Quente por frio. Shopping por praça. Sempre trocou buátchy por casa de amigos. Quando feliz, chora. Triste, abraça. Ansioso? come! E se está envergonhado, o sem-vergonha se esconde. Tem medo de multidão. Mas morre de medo de ficar sozinho. Não faz muitos planos, odeia frustração..

O comentário...

Irmã Xuxa 1:
o fuuuuuuuuu sonho de consumo
maravilha tombada pela unesco
pessoa q deveria ser estudada em habitat natural pra gnt tentar reproduzir
quero uma muda dele
pra criar um em casa!

Nos tempos de ócio...


Como diria a sabia Rita Lee “Sexo antes, amor depois”

Reflexões sobre a fidelidade à ROLA!

Irmã Xuxa 1: nossa nem por isso.Essa coisa de ser fiel à rola se pá róla seria o caso...
mas tipo o cara faz o q quiser, a mina tinha direito de nada não
Irmã Xuxa 2: isso é vdd
badddddddddddd
movimento contra fidelidade a rola
Irmã Xuxa 1: ahh eu num sou contra a fidelidade da rola
mas tem q ter período de experiência mínima e sem certificação e contrato e essas paradas
Irmã Xuxa 2: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Irmã Xuxa 1: como eu estou na comunidade “e viva a solterice coletiva”
Irmã Xuxa 2: mto vdd
Irmã Xuxa1: tipo sei lá, vai q a mina curte o cara e quer msm ficar só dando pra ele pra sempre, opção dela, o foda é ela achar isso sem nunca ter visto as maravilhas rolisticas q tem por ai
Irmã Xuxa2 : mas o lance de ter experiencia minima é genial
Irmã Xuxa1: nossa, tópico pro blog!
até pq se a mina num tem experiencia qualquer merdinha acha q tá bom, tipo aquelas q casam novas e ficam viuvas. Daí casam de novo com um torão roludomacho!q dá conta do recado...

A grande questão é...

Na história da sociedade ocidental a mulher sempre teve sua sexualidade reprimida e por muito tempo a regra foi:
Homens com vida sexualmente ativa e pública = Garanhões (Torõessssss)
Homens com vida sexualmente inativa = Nerds
Mulheres com vida sexualmente ativa e privada = Boa mulher para sociedade ( damas na rua e putas na cama)
Mulheres com vida sexualmente ativa e pública = Puta
Mulheres com vida sexual inativa = púdicas

Mas em pleno século XXI a história é outra e bem melhor...

Chega de privatizações...
O negócio é socializar a atividade sexual não remunerada!

Sexualidade, Saberes e Direitos


Entre os dias 17 e 18 do mês de agosto acontecerá o Seminário Internacional sobre Sexualidade, Saberes e Direitos na Universidade Federal de São Carlos. O Seminário abordará questões referentes desde o campo cultural até questões referentes a autonomia do corpo.
Segue aqui uma brévia a ser pensada sobre a questão referente a construção e biologização da sexualidade...

CONSTRUÇÃO DA SEXUALIDADE

Em relação ao debate sobre trangêneros pode-se analisar o seu espaço na sociedade contemporânea relacionando com a forma que ocorreu a construção da sexualidade no mundo ocidental. Para compreender a forma como costitui os debates envoltos à esse grupo pretende-se traçar um panorâma histórico-cultural para melhor compreensão do tema.

Foulcault ao analisar a construção da sexualidade na sociedade ocidental parte de um pressuposto ligado ao regime de poder-saber-prazer que sustenta o discurso sobre a sexualidade humana. O autor se propõe a revelar a “vontade de saber” que lhe serve ao mesmo tempo de suporte e instrumento e não determinar se as produções discursivas levam a formular a verdade ou não. Foulcault parte da analise do século XVII que seria o início de uma época de repressão própria das sociedades chamadas burguesas em que não estariamos completamente “libertados”. Essa repressão era institucionalizada pela pastoral cristã que tinha como um dos deveres fundamentais saber de tudo o que se relacionava a sexo na sociedade da época. Por volta do século XVIII nasce uma incitação política, econômica e técnica a falar do sexo. Havia na época o que podemos de chamar de polícia do sexo que tinha como intenção regular o sexo por meio de discursos úteis e públicos e não pelo rigor de uma proibição. O importante a ser compreendido quando retomamos aspectos históricos para analise é entender que não se falava menos de sexo mas sim falava dele de outra maneira. Em vez da preucupação em esconder o sexo, a caracteristica dos três ultimos séculos é a variedade, a larga dispersão dos aparelhos inventados para dele falar, para fazê-lo falar, transcrever e redistribuir o que dele se diz.

Partindo de um pressuposto de que as relações sexuais estavam ligadas somente a reprodução dentro de uma lógica religiosa houve uma multiplicação das condenações juridiciárias do que era considerado perverso. Anexou-se a irregularidade sexual à doença mental; da infâmia à velhice foi definida uma norma do desenvolvimento sexual e cuidadosamente caracterizados todos os desvios possíveis. As interogações estavam focadas particularmente na sexualidade das crianças, loucos e dos criminosos nos desvaneios e obsessões.

O importante não esta no nivel da repressão, mas na forma do poder exercido. Houve quatro operações bem diferentes da simples proibição. A primeira esta relacionada a proibição do incesto que numa perspectiva leví-straussiana esta relacionada a uma regra social e um vestigio da regra da exogamia. A segunda pode se resumir como a caça às sexualidades periféricas que provoca a incorporação das perversões e a nova especificação dos indivíduos. A homossexualidade apareceu como uma das figuras da sexualidade quando foi transferida, da prática da sodomia, para uma espécie de androgenia interior, um hemafrodismo da alma.

A terceira operação é uma biologização do gênero e as “anormalidades” constituídas como patológicas. A ultima esta relacionada aos dispositivos de saturação sexual, tão caracterícos do espaço e dos ritos sociais do século XIX. Para Foulcault o Ocidente não foi capaz de inventar novos prazeres e não descobriu vícios inéditos mas definiu novas regras no jogo dos poderes e dos prazeres nele se configurou a fisionomia rígida das perversões.

Historicamente existem dois procedimentos para produzir a verdade do sexo, uma realizada pelas sociedades chinesa, japonesa, romana e as nações árabes-mulçumanas- que dotam uma ars erotica, ou seja na arte erótica em que a verdade é extraída pelo próprio prazer, já a civilização ocidental é a única a praticar uma scientia sexualis isso significa que a verdade sexual esta em função de poder-saber rigorosamente oposta à arte das iniciações e confissão.Essa scientia sexualis tenta ajustar o antigo procedimento da confissão às regras do discurso científico. A confissão da verdade se inscreveu no cerne dos procedimentos de individualização pelo poder e passou a ser uma das técnicas mais valorizadas na produção da verdade.

Antigamente a produção da verdade a partir da confissão tinha como receptor e a quem capaz de punir, perdoar ou dar algum tipo de explicação para os que eram considerados desviantes de sua época a figura religiosa dos padres. Na sociedade moderna ocidental esse discurso esta relacionado ainda hoje à uma explicação de cunho medicinal-biológico. Isso significa que o poder de corsão continua sendo exercido porem atualmente pela figura do médico na maioria das vezes ligado a psiquiatria. O que antes nas sociedades antigas poderia ser uma manifestação maléfica por espiritos ou forças diabólicas hoje esta relacionado ao patológico. Há uma medicalização dos efeitos da confissão, o que significa que o dominio do sexo não está mais sob o registro da culpa ou do pecado e sim no regime do normal e do patológico. O sexo aparece como um campo de alta fragilidade patológico.

Ao se tratar dos dispositivos da sexualidade Foulcault mapeia os traços principais em que aborda desde a negatividade sobre o sexo que não esta dentro dos parâmetros estabelecidos como normal até a unidade do dispositivo. Com respeito ao sexo, o poder jamais estabelece relação que não seja de modo negativo: rejeição, exclusão, recusa ou ainda ocultamento. O sexo tambem fica reduzido a um regime binário opositivo: lícito e ilícito, permitido e proibido. Sobre o sexo, o poder só faria funcionar uma lei de proibição com o objetivo que o sexo renunciasse a si mesmo. Dentro de uma lógica de censura supõe-se que essa interdição tome três formas: afirmar que não é permitido, impedir que se diga e negar que exista. A lógica do poder sobre o sexo seria a lógica paradoxal de uma lei que poderia ser enunciada como injunção de inexistência, de manifestação e de mutismo.

Quando Foulcault fala de poder, deve-se compreendê-lo como uma multiplicidade de correlações de força imanentes ao domínio onde se exercem e constitui sua organização. O poder esta em toda parte; não porque engloba tudo, mas porque provém de todos os lugares. As relações de poder não estão em posição de superestrutura, mas possuem um papel diretamente produtor alem de serem intencionais e não subjetivas.

Outro ponto importante na história da sexualidade é a inversão do conjunto constituido no século XIX, o que antes era focado numa preucupação dos familiares e educadores sobre a formação da sexualidade na infância passou para uma relação entre a psiquiatria e a sexualidade dos adultos posta em questão. Em relação a sexualidade adulta o discurso das últimas decadas tem se dirigido aos indíviduos homossexuais em que há um discurso “de reação”, ou seja, a homossexualidade pôs-se a falar por si mesma, a reivindicar sua legitimidade ou sua “naturalidae” e muitas vezes dentro do vocabulário e com as categorias pelas quais era desqualificada do ponto de vista médico.

A partir do século XVIII quatro grandes conjuntos estratégicos a respeito dos dispositivos especificos de saber e poder podem sem distinguidos: A histerização do corpo da mulher (mulher histérica); Pedagogização do sexo da criança (criança masturbadora); Socialização das condutas de procriação (o casal malthusiano); Psiquiatrização do prazer perverso (o adulto perverso). Pode-se admitir que as relações de sexo tenham dado lugar, em toda sociedade, a um dispositivo de aliança: sistema de matrimônio, de fixação e desenvolvimento dos parentescos, de transmissão dos nomes e bens.

Sobre os mecanismos de repressão na história da sexualidade houveram duas rupturas fundamentais para sua compreensão. A primeira no século XVII com o nascimento das grandes proibições, valorização da sexualidade adulta e matrimonial, esquiva obrigatória do corpo, contentação e pudores imperativos da linguagem. A segunda no século XX que é o momento em que mecanismos de repressão teriam começado a afrouxar e a partir daí constituisse uma “revolução” do sexo e uma luta “anti-repressiva” que pode ser definida como um deslocamento e uma reversão tática no grande dispositivo de sexualidade.

Michael Foulcault em sua conclusão percebe que o sexo pôde funcionar como significante único e como significado universal. É pelo sexo efetivamente que todos devem passar a ter acesso à sua própria inteligibilidade, à totalidade de seu corpo e a sua identidade.

BIOLOGIZAÇÃO DA SEXUALIDADE

Para entender como se ocorre a biologização da sexualidade é preciso levar em consideração a história da sexologia desde o seu principio e como as ciências médicas tem ganhado força no discurso biologizante à respeito de questões de ordem social como a escolha do gênero pelo individuo.

O inicio das discussões sobre a sexualidade e a formação dos estudos acerca do sexo, a sexologia, teve seu inicio na Alemanha no início do século XX que foram discutidas por Wilhelm Reich estudioso da psicanálise do indivíduo e seguidor teórico de Segmund Freud. Nessa época havia leis no código penal prussiano que criminalizavam a sodomia, ou seja, atos não heterossexuais.

A sexologia posteriormente divide-se em duas perspectivas. A primeira relacionada a patologização dos personagens sociais, o individuo deixava de ser criminoso e passava a ser condenado como doente, e a segunda corrente naturalizava os comportamentos ditos perversos ou desviantes da época, isso significava que as pessoas eram biologicamente diferentes .

Outro personagem importante referente a discussão da sexualidade e gênero foi Magnus Hirschfeld que elaborou a teoria do terceiro sexo. Para ele os homossexuais estariam em uma posição intermediária entre o homem heterossexual e a mulher heterossexual. Ligado a essa teoria esta a idéia de que o sexo não poderia ser taxativamente divididos entre homem ou mulher. Hirschfeld argumentava que os seres humanos possuiam elementos femininos e masculinos em proporções variadas. No seu tratado Geschlechtsübergänge (Transições Sexuais) desenvolveu a teoria da sexualidade como algo gradativo, que resulta da combinação de quatro elementos: os órgãos sexuais, outras características sexuais do corpo, desejo sexual e características psicológicas. A sexualidade de cada pessoa resulta da combinação em diferentes graus desses elementos, sendo por isso algo de único.

A primeira perspectiva da sexologia é indissociável do campo da política sexual e não teve alterações influênciadas pela a história, já a segunda perspectiva, a que trata sobre a naturalização dos comportamentos ditos desviantes no campo sexual, obteve mudanças no periodo pós guerra tanto geográficas, a discussão passou a ser debatida em maiores proporções nos Estados Unidos e não mais na Alemanha, e mudanças no foco, passou ao invés de concentrar as discussões sobre as perversões, concentrar a carca da sexualidade do casal heterossexual.

Nos Estados Unidos o grande repercussor das discussões sobre a sexualidade foi o pesquisador Alfred Kinsey. Em 1947 fundou o Istituto de Pesquisa sobre o sexo em Indiana, hoje chamado de Instituto Kinsey voltado para pesquisas sobre sexo, gênero e reprodução. Kinsey no seu estudo denominado Sexual Behavior in the Human Male and Sexual Behavior in the Human Female analisou um conjunto de comportamentos contrários a moral heterossexual norte-americana. Suas pesquisas sobre sexualidade humana influênciaram os valores sociais e culturais nos Estados Unidos principalmente na década de 60 na chamada “revolução sexual”.

Foi também nas décadas de 60 e 70 em um momento cultural e político em ebulição que se criou clínicas de tratamento para disfunsões sexuais. Essas “anormalidades” sexuais podem ser classificadas em Disfunsões, Desvio e Inadequação.

Disfunção: Um indivíduo funcional é capaz de levar ao fim a resposta sexual normal (Desejo Sexual > Excitação > Orgasmo > Relaxamento). O conceito de normalidade, no que tange à funcionalidade, se confunde com o conceito de índivíduo hígido. A disfunção então ocorre em alguma fase da resposta sexual:

* Apetência – inibição do desejo
* Excitação – Disfunção Erétil (DE), lubrificação inadequada
* Orgasmo – anorgasmias, distúrbios da ejaculação.

Desvio: comportamento que foge a certo padrão cultural de uma sociedade em determinada época. Os desvios podem ser classificados em:

* Desvios do objeto: necrofilia, fetichismo, maiseufilia, etc
* Desvios de objetivo: exibicionismo, voyeurismo, etc. Sendo o objeto sexual: qualquer ser (animado ou não) alvo da atração sexual ou também pode ser entendido como a união sexual, ou atos que conduzam a esta união.

Inadequação: A diferenciação entre adequação e inadequação segue critérios psicológicos. É um conceito relacionado ao equilíbrio interno de cada parceiro e de interações equilibradas entre eles:

* Um indivíduo Adequado não se queixa, está satisfeito.
* Um indivíduo Inadequado não está bem consigo mesmo ou com seu parceiro.

Um casal pode ser considerado adequado mesmo portando disfunções (homem impotente e mulher vagínica) ou desvios (homem sádico e mulher masoquista).

O que interessa referente a esse trabalho é que em relação à outros tipos de disturbios aparece como um deles o transsexualismo que na classificação médica esta relacionado a um transtorno de identidade sexual, ou seja, a incompatibilidade entre a anatomia genital e identidade sexual.

Até os anos 70 a homossexualidade estava presente como item no manual de doenças mentais. O movimento homossexual promulgou uma luta a favor da retirada da conduta homossexual da categoria que patologizava o termo.

A terceira onda sexológica ocorreu no campo da medicina sexual nos anos 80 e acabou por reconfigurar o campo da sexologia. A função sexual passou a patir dos estudos de Masters e Johnson a ser concebidas a partir das relações do casal. Houve também um aumento em estudos cientificos e na produção de artigos sobre a disfunção sexual masculina e produção de tratamentos. Pode se pensar que houve uma transferência da discussão das disfunções sexuais para discussões a cerca da difusão erétil. A sexualidade do homem passou a ser estudada e focado no campo do fisiológico e as disfunções da mulher ligado ao campo psicológico. A sexualidade masculina adquiriu autonomia à unidade marital levando a elaboração dos estudos ligado a impotência.

A discussão atual esta relacionado a contraposição entre medicina sexual e saúde sexual. A partir da década de 90 surge uma medicina sexual desenvolvendo paralelamente as outras vertentes até agora produzidas.

Recentemente foi publicado no Brasil um artigo sobre disfunções orgânicas do desenvolvimento sexual pela Revista Fapesp que aborda essa concepção ligada as áreas médicas e não as relações sócio- culturais, geográficas ou de etnicidade ligada ao indivíduo.

“Uma pessoa que apenas se sente homem ou mulher, sem nenhum distúrbio biológico nem a identidade sexual correspondente, pode apresentar transtorno psíquico de identidade de gênero.” (p.21)

O artigo produzido por uma revista científica ainda traduz os comportamentos que não estão dentro dos padrões de normalidade estabelecidos pela sociedade como patológicos ou de ordem fisiológica. Outra discussão importante que aparece no mesmo artigo é referente ao termo ainda usado por pesquisadores das áreas médicas e biológicas que apresenta uma conotação referente ao patológico. O termo homossexualismo referido ao ato ou comportamento de individuos que sentem atração fisica ou psicológica a outro individuo do mesmo sexo e particularmente o sulfixo ismo remete a idéia de anomalia.

“ O homossexualismo constitui outro universo distante dos distúbios biológicos. Nesse caso, a identidade de gênero se mantém: são homens ou mulheres que se aceitam como homens ou mulheres e escolhem outros homens ou mulheres como objetos amorosos. Já nos travestis a identidade de sexo é estável, mas a de gênero é flutuante: os travestis sabem que são homens, mas podem às vezes se comportarem como mulheres” [grifo meu] (p.21)

As ciências sociais, as pesquisas ou até mesmo a conversa informal com travestis não condiz com o artigo no sentido em que os travestis se aceitam como homens , no seu saber fisiológico, porém em relação ao gênero se definem como mulheres até mesmo na troca do artigo ou do sujeito na estruturação de suas frases referentes a esse grupo e/ou a si própria.

Bibliografia

FOULCAULT, Michael. História da Sexualidade I: A vontade de saber. Rio de Janeiro, Edições Graal, 1988.

RUSSO, Jane A. O campo da sexologia e seus efeitos sobre a política sexual. Centro Latino- Americano em Sexualidade e Direitos Humanos. Instituto de Medicina Social- IMS/UERJ.
Revista de Pesquisa, Ciência e Tecnologia no Brasil. FAPESP, abril 2010. N° 170. FIORAVANTI, Carlos.Grupo de pesquisa paulista caracteriza 23 disfunções orgânicas do desenvolvimento sexual

terça-feira, 3 de agosto de 2010

bolas de basquete de energia




E um dia você se pergunta para que servem as bolas de basquete na fiação da estrada...


uma reposta do hoffman: para guardar ovos de chester até o natal!




Outras respostas com ou sem nexo:


! servem para impedir que os fios se toquem provocando curto circuito (colocadas quando a distância entre duas torres é grande e os ventos e temporais podem aproximar os fios.

@ servem para evitar acidentes com carros

# são dissipadoras electro-magnéticas, mesmo não sabendo o q isso significa

$ junta de dilatação (uhum!!!)

% evitam a trepidação durante o "carregamento" de energia elétrica

¨ são flutuadores pois contém hélio (ahhh falô!)

& são pontos de controle de um aparelhometro xis qualquer

* são para sinalização, chamando a atenção dos pilotos para mostrar que ali existe um fio

* reposta correta (E MENOS CRIATIVA!!) advinda do Instituto Nacional de Aviação Civil na Circular de Informação Aeronáutica 10/03 de 6 de maio (Limitações de Altura e Balizagem de Obstáculos artificiais à Navegação Aérea)...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

msn feelings

Depois de uma noite de foca no espelho, alisa a barbixa e pega papel, emendado com um dia a base de café, cá estou:

errata: onde está escrito eu, leia-se meu

domingo, 18 de julho de 2010

"descontraindo"


Como diria o Messi...

"Rola, uma rolinha, pá!"

...uma passagem rápida...


Eu poderia passar horas dias e porque não a eternidade toda.

Eu poderia passar esse ou qualquer outro tempo. Sim, eu poderia.

Eu poderia, mas não posso e não posso não porque não quero mas porque se me permitisse talvez o rumo do caminho se tornaria tão abstrato que a vida deixaria de ser real.

Assim viveria no mundo do imaginário onde mudamos as coisas e ordenamos pensamentos de acordo com nossas vontades.

Em meio de preucupações, realizações e desejos chega um mometo em que tudo para e aquela dor chega de repente e estaciona, pará e não quer mais ir embora.

A dor chega e mostra o que você não tem, mas desejaria ter. Desejaria tanto que trocaria a vida por um segunda dessa realidade tão distante. A dor chega com um aviso no rótulo: Não vou-me se você não permitir, mas essa permissão não esta ligada unicamente a nossa vontade. É como se em meio a um tornado você não conseguisse se despreender dealgo importante. Você quer...mas essa decisão vai muito além de querer. Querer só não basta! Então você se esforça.

Se esforça até que a ferida aberta se torne cicatriz. Porém a cicatriz não é igual ao resto do conjunto do corpo, às vezes com a simples mudança de temperatura a dor reaparece e quando essa cicatriz é no coração basta uma palavra,uma lembrança ou um gesto.

Dores que talvez nunca irão nos abandonar.

Dores estas que vem pra ficar e ficam.
Dores que um dia aprendemos a conviver todos os dias que podem ser mais um ou menos do mesmo.