terça-feira, 19 de abril de 2011

A mudança de concepção de mundo através da representação artística infantil



Resumo: É notável a divisão entre as ciências na sociedade ocidental moderna entre os pólos natureza e cultura. Pensando a partir de uma perspectiva antropológica, o presente trabalho visa analisar, no processo de escolarização primária, o ponto de liminaridade em que ocorre a passagem do pensamento organizado de forma sincretica na infância para a consolidação da forma de raciocínio lógico-causal através da representação em desenhos artísticos elaborados no espaço escolar.

Palavras-chaves: Antropologia; educação; infância; escolarização; liminaridade; representações artísticas; raciocínio lógico-causal.


INTRODUÇÃO
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A contemporaniedade busca pensar as relações e as estruturas a partir de uma gama de pluralidades de ideias que em algum momento da histórias já foram pensadas opositivamente, mas que em sua legitimidade só podem ser pensadas em complementação. Por esse motivo a educação, em um sentido amplo, não pode ser voltada a dialogar somente dentro de uma esfera pedagógica até porque o processo de escolarização abrange além das propostas normativas, que tem por finalidade estabelecer uma condição de individualidade e autonomia do ser humano na sociedade ocidental.
O diálogo entre a educação e a antropologia é algo que nasce paralelamente com os movimentos sociais na década de 1970 sendo a antropologia percebida como um saber científico e a educação um saber prático. A pretenção da antropologia em relação a educação infantil já estava presente no final do século XIX por influência do culturalismo que tentava compreender uma possível cultura da infância. Outra ferramenta da antropologia que nos anos 1970 foi atribuída como acrésimo no compreender da educação foi a etnografia que segundo Lévi- Strauss (1970) seria a primeira etapa da pesquisa, anterior a antropologia que seria uma segunda e última etapa da síntese (p.377). Gusmão (1970) ao analisar a relação entre antropologia e educação atenta que o conhecimento a partir de estudos e analises de uma parcela da sociedade pode contribuir para a compreensão de um todo. Para a pesquisadora a cultura se torna, assim, central para a compreensão das práticas humanas, vistas como práticas significantes que distinguem o homem da natureza, o homem do animal e que fundam diferentes sistemas de interpretação da vida . Atualmente existem outras propostas da antropologia em relação ao sistema educacional que obviamente neste trabalho não aparecerá no seu contexto geral, mas que em algumas das discussões seguintes será apresentada.
O objetivo deste trabalho é analisar, no processo de escolarização primária, o ponto de liminaridade em que ocorre a passagem do pensamento organizado de forma sincrética na infância para a consolidação da forma de raciocínio lógico-causal. Através da observação da representação em desenhos artísticos elaborados no espaço escolar, nos propomos a analisar a influência do processo de socialização escolar na construção de percepções infantis sobre o mundo ao redor, e observar de acordo com a faixa etária (através de comparações entre os desenhos feitos) as mudanças no olhar infantil sobre ser humano e suas culturas (tudo o que é construído pelos seres humanos em grupo, sociedade) e natureza (o meio ambiente, características físicas, naturais, inerentes). A metodologia utilizada inclui uma pesquisa de campo em dois espaços educacionais do município de São Carlos (SP), a Escola de Ensino Infantil “Tic Tac Toe”, que trabalha com criança de 3 a 6 anos de idade, e o “Espaço Corporal- Terapia, Arte, Educação”, que faz trabalhos de dança e expressão corporal, com uma perspectiva alternativa, e atinge crianças de várias faixas etárias. Além da análise teórica, o conteúdo prático deste trabalho inclui a realização de entrevistas informais com duas educadoras, acompanhamos a dinâmica das aulas, fizemos registros através de fotografias.

A Concepção de Infância na Sociedade Ocidental

Ariés (1978) ao estudar a história da infância mostra que nem sempre houve essa configuração à respeito do que se caracteriza hoje como período infantil. Na Idade Média por exemplo não haviam preucupações com os direitos da criança e do adolescente ou se quer havia uma distinção de mundo simbólico do adulto e do mundo infantil. A criança era vista como o indivíduo adulto de amanhã, elas participavam da vida adulta e não existia a concepção de privacidade o que permitia acesso total da criança na rotina de vida dos mais velhos. No século XIII houve uma modificação que atribuiu ao adulto o papel de direcionar a criança e desenvolver o caráter e a razão. Neste mesmo século surge aformalização do ensino-aprendizado voltado à infância. Cria-se uma instituição de lugar e reclusão da infância em que há uma metodologia, material e espaço voltado para o púbico infantil. A família passa a se organizar em torno da criança dedicando assim atributos para o desenvolvimnto do futuro adulto.
O que ocorre é uma naturalização do que é ser cirança. Essas relações e forma de percepção são construídas culturalmente ligado a cada época e espaço.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil as crianças possuem uma natureza singular, que as caracterizam como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio (...)durante o processo de construção as crianças se utilizam das mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem idéias e hipóteses originais sobre aquilo que possuem desvendar. Caldeira (2009) afirma que a partir que criou-se uma consciência sobre a importância das experiências da primeira infância foram criadas várias políticas e programas que visassem promover e ampliar as condições necessárias para o exercício pleno da cidadania infantil. Através desse preceito cada vez mais há uma busca dos pais em escolarizar os filhos em escolas que apresentem um diferencial e dessas instituições em promover um ensino cada vez mais multicultural atendendo assim as exigências do mundo moderno.




Construção do Pensamento Moderno

A concepção de mundo atual ainda esta ligada as formulações primordiais do movimento iluminista que surgiu ao final do século XVIII. A principal contribuição seria o aparecimento da racionalidade do homem, a sua distinção com os outros animais e consequentemente uma metodologia didática que teve como intuito analisar mais profundamente as diversas esferas da realidade humana. Para a consolidação de um saber, a comprovação de uma verdade, Descartes utiliza-se de uma metodologia que segue uma trajetória linear progressiva. Essa metodologia esta embassada em quatro pressupostos básicos: o primeiro se constitui pela clareza e distinção dos fatos, o segundo esta relacionado a realização de uma análise, ou seja, a análise deve-se constituir por separar as partes de um todo e observá-las analiticamente, o terceiro seria a ordem dos pensamentos, ou seja, o raciocinio deve ser conduzido por uma ordem que vai do mais simples ao mais complexo. E por último a enumeração, que seria o ato de enumerar todos os pontos do raciocínio até ter completa certeza que todos os elementos foram considerados.
Essa metodologia foi de extrema importância para a consolidação de um processo investigativo dos fatos na Idade Moderna. Esse processo de comprovação de uma verdade científica está intrinsecamente ligada à uma proposta estrutural de estudo decomposta, simplificada e gradativa.
A ciência teve outros grandes avanços que mudaram perspectivas atuais de sociedade, indivíduo, relações sociais. O que chama atenção é que a metodologia de investigação cartesiana ainda se apresenta atual em relação a estruturação do pensamento cientifíco. Latour (1994) ao se questionar o que seria a ciência, define-a como uma prática que não se desloca da vida cotidiana e das relações sociais dos cientistas, sendo assim a ciência não pode ser exata em sua totalidade, pois sofre influências do meio. Latour situa o papel do antropólogo no estudo das ciência partindo do princípio da simetria em que o falso e o verdadeiro devem ser tratados da mesma forma, a partir de então, ele afirma que há uma noção assimétrica entre estudar os modernos e os não moderno. Questões objetivas ligada a ciência natural e exata não estão ao alcance da antropologia. Em relação aos não modernos, o pesquisador tem a pretensão de abordar a totalidade (religião, política, social, técnicas...). Para ele é preciso tornar a antropologia capaz de estudar as ciências, ultrapassando os limites da sociologia do conhecimento e, sobretudo, da epistemologia, ou seja, a ciência somente pode se tornar objeto da antropologia quando passa a se constituir como crença. O ideal segundo o antropólogo seria que houvesse uma simetria generalizada, ou seja, não estudar somente o universo subjetivo ou o natural, mas sim a interação entre os dois universos. Latour chama essa interação de naturezas-culturas que seria o objeto da antropologia. Por fim ele afirma que é uma falácia pensar que os modernos conseguem dvidir os dois universos. O que ocorre é que há graus diferentes de sobreposição dessas esferas.
A partir dessa colocação e a relação entre a antropologia e a educação, pode se pensar e tentar compreender em que momento do desenvolvimento humano, o homem passa a pensar de uma forma lógico-racional. Isso quer dizer, em que momento da escolarização o indivíduo deixar de pensar de forma sincretica os dois mundos, natureza e cultura, e passa a dividir os pólos, separar as ciências. Para essa análise foi pensado em outra contribuição teórica antropológica que visa estudar o processo ritual, denominado por Turner (1974) como liminaridade. A liminaridade pode ser entendida como a transição de um indivíduo de um campo de significados para o outro. Assim quando o indivíduo está inserido em um estado A e passa para o estado B, pelo rito de passagem, existe um ponto que ele não esta inserido nem em A e nem em B. Esse ponto designinado como liminaridade seria o definidor do papel social.
O questionamento a partir dessas fundamentações e o que promoveu a questão do presente trabalho pode ser resumida em pensar a divisão epistemológica dos pólos natureza e cultura a partir do momento de transição demoninado liminaridade no desenvolvimento infantil a partir da análise de expressões artísticas.


As Etapas do Desenvolvimento Infantil

O desenho correspode ao modo de ver o mundo, a forma de vê-lo. Observa-se um carater de construção, um carater evolutivo. De inicio as crianças se interessam mais pela criação que é feita a partir do contato do lápis como o papel, que são chamados de Garatujas (FIG.: 1a e 1b). Em geral é entre os 3 à 4 anos de idade em que as figuras começam a ganhar forma. As primeiras que geralmente aparecem são figuras humanas e em segundo lugar são as figuras de animais (FIG.: 2a e 2b). Entre 4 e 5 anos há a conjunção de diversas figuras, elementos animados e inanimados, essas figuras não apresentam uma linha de raciocínio espacial e as figuras muitas vezes são hibridas (fitofórmicas e zoomóficas). Isso significa que o período que vai dos 4 aos 5 anos de idade a criança apresenta uma forma sincretica de representação do mundo (FIG.:3). Valencio (2007) em um estudo sobre o olhar infantil e as representações sobre a Amazônia nos ensina os desenhos como linguagens, expressões de culturas e de percepções do entorno. As conclusões da pesquisa realizada traz informações sobre a diferença de aspectos representados nos desenhos de acordo com a faixa etária, com o meio geográfico de vivência (vive no espaço rural ou urbano), e com aspectos culturais (como o fato de ser indígena, caboclo, não indígena). O pedido feito às crianças foi que representassem a paisagem cotidiana em folhas de papel e fazendo uso de lápis de cor. O exercício foi que as crianças mapeassem mentalmente os seus entornos. Os resultados compreendem dados como o de que crianças que vivem no meio rural têm representaram mais em seus desenhos elementos de caráter do ambiente natural; enquanto crianças que moram em meios urbanos são mais influenciadas pelo entorno televisivo, refletindo muitas vezes elementos do seu imaginário que nunca tiveram contato real. A análise antropológica para o mesmo objeto buscaria resgatar características de categorias como infância, apresentando um contraste crianças-adultos, a fim de relativizar mais as expressões utilizadas.
Em relação a construção do pensamento infantil sobre os fenômenos ditos naturais pode se perceber que é um pensamento que vai se constrindo a partir de experiências sensoriais reais que vão se desconstrindo à medida que cresce o pensamento abstrato que corresponde as explicações dadas como verdade científicas. Um aspecto que caracteriza o pensamento da criança pequena é a forma como ela associa os elementos da sua realidade. É como se ela dispusesse tudo o que conhece em uma folha de papel e relaciona-se esses elementos guiando se de modo subjetivo, principalmente pelas relações de afetividade, suas vivências pessoais ou imaginadas e não pela lógica causal, o que o pensador francês Wallon denominou de pensamento sincrético. É por volta dos 6 anos de idade que a criança passa a representar uma linearidade lógico-causal nos desenhos (FIG.:4a e 4b) que apesar de estar fora do cotidiano e das experiências sensoriais do indivíduo na infância, esta relacionado há uma crença no discurso tanto das pessoas que esta mantém relaçoes de afetividade, como em relação ao agente educador que tem a palavra legitimizada para a criança. È importante notar também que o processo artístico dessas crianças em sala de aula é construído em conjunto e nunca somente individualizado.


Campo
O trabalho foi realizado em dois momentos. O primeiro em um espaço que trabalha a questão da corporalidade e expressão através da dança, e o segundo em um momento de expressão artística em uma escola primária bilingüe, as duas localizadas no munícipio de São Carlos.
A primeira experiência de campo foi realizada no Espaço Corporal, em uma quarta-feira, dia 20 de outubro, em uma tarde que contou com a atividade “Convivendo”, que se propõe a ser um espaço complementar às aulas escolares das crianças, com “atividades lúdicas e artísticas diversificadas, sempre visando interação social e educação global da criança”, de acordo com o sítio da internet. Neste dia que estivemos presentes, a atividade foi a realização de pipas. A professora é quem fica responsável por trazer idéias de atividades, mas a objetivação destas é acompanhada da aceitação das crianças, são elas quem acabam decidindo. Estavam participando apenas duas crianças neste dia, com idades respectivas de 3 e 6 anos. Segundo as mesmas, quando perguntamos sobre o que gostam de fazer, verificamos que é habitual o ato de desenhar, quando elas inventam historias e dialogam com elas ao mesmo tempo em que representam graficamente no papel. A criança de 6 anos disse que adora desenhar, e que quase toda vez que vai pro Espaço reserva um tempo para isso. O menino de 3 anos nos pareceu mais introvertido, não quis conversar conosco, embora falasse normalmente com a professora e com a colega de “Convivendo”. Ambas se referem à professora pelo seu nome, o que nos chamou atenção, pelo aparente distanciamento da relação aluno-professor, talvez porque o clima seja descontraído e não haja a cobrança sobre os alunos, que costuma ser comum em escolas. Sobre a espacialização do local das atividades , não há mesas nem cadeiras, como acontece nas escolas com a presença de carteiras, que funcionam como um controle dos alunos para que não se movimentem pela sala. O chão do Espaço é de borracha, confortável para a realização das atividades, seja para pintar, desenhar, fazer pipas ou outros objetos, e além disso o local propicia uma movimentação saudável para as crianças, dando um ar de liberdade para o exercício de suas capacidades criativas.
A atividade “Convivendo” no Espaço Corporal é acompanhada da “aula” de Dança, e esta sequência é explicada no sítio eletrônico da seguinte forma: “A criança é corpo e movimento em tudo o que faz (...) a dança é tida como forma de manifestação artística que contribui para formação intelectual, física e sócio-emocional do ser humano. (...) Nossa proposta é que a dança seja vivenciada pela criança não só pelo fazer, mas também pelo criar e apreciar. As crianças compartilham ideias, reproduzem movimentos, inventam suas próprias danças, improvisam, observam.” Aqui neste trecho a experiência da dança pode ser relacionada ao papel das representações infantis através dos desenhos, pois as crianças experimentam sensações, criam historias, e conversam entre si enquanto estão desenhando. Segundo a educadora Monique Deheinzelin: “para assimilar a existência das coisas que a cercam, a criança pequena sente a necessidade de explicar o mundo para si mesmo, lança mão das informações que tem acesso em diferentes fontes, depois relaciona tudo isso à sua maneira. (...) O desenho corresponde a um modo de ver o mundo, um modo de saber sobre as coisas do mundo, que é próprio de cada criança, de cada desenhista, algo ali dentro pede passagem pra fora.”
Na segunda experiência de campo, tivemos uma conversa informal com a professora da disciplina de Artes da Escola Tic Tac Toe, explicando o objetivo da nossa pesquisa, e tivemos acesso a desenhos e trabalhos realizados ao longo deste semestre por crianças de turmas e idades distintas. A escola é bilíngüe, o que implica que o ambiente é de diálogo em duas línguas, tanto o português como o inglês, as professoras falam com as crianças em português, frases repetidas diariamente e que elas compreendem, mas à nossa presença as interlocutoras respondiam em português mesmo. Nesse diálogo com a educadora , formada em Pedagogia, descobrimos que semestralmente há uma proposta temática que percorre as atividades ao longo da disciplina de Artes, e a última foi sobre o país África do Sul. A conseqüência disto foram desenhos e realizações artísticas embasadas em um conteúdo de resgate histórico-cultural ao país do continente africano. O relato da professora foi o de que a proposta foi desafiadora, pois acreditava não ser possível falar do país sem citar a influência do apartheid, e que ela pensou muito em como falar sobre esse assunto com as crianças. O que ela nos disse foi que mesmo com questões menos polêmicas, o objetivo é não traduzir sua opinião ou noções pré-estabelecidas, a fim de promover um espaço em que os alunos se sintam estimulados a formularem suas opiniões. Tivemos contato com alguns destes trabalhos artísticos e aqui estão alguns deles, registrados através de fotografias– lembrando que a identidade dos autores continua preservada, nem foi nosso interesse investigar relação de autoria para os desenhos. Nesta representação abaixo, a frase colocada pela professora foi “Como era a convivência entre brancos e negros durante o apartheid?” E o desenho do(a) aluno(a) de apenas 6 anos foi representar a divisão de ambientação para freqüentar banheiros, um para negros e outros para brancos. Não ficou nítido na imagem, mas a criança fez uso da escrita para deixar claro sua interpretação sobre “banheiro para brancos” e “banheiro para negros”.

De acordo com o sítio eletrônico da escola de ensino infantil, o objetivo da disciplina de Artes é que os alunos tenham “a oportunidade de experimentar diversos materiais e diferentes técnicas de pintura, colagens, desenhos, etc.” O que verificamos após o trabalho de campo é que a experiência destes alunos incorpora o contato com elementos de outras culturas e um respeito pela “diversidade” -termo usado pela professora- e um aprendizado que traga para o ambiente escolar características que ultrapassam o campo de vivências deles, mas que ao mesmo tempo aproxima-os de uma tolerância para as diferenças. Em conversa com o “diretor” do colégio, há alunos que tem pais de outros países ou que viajam bastante, então o campo de contatos desse universo infantil mostra-se ampliado, com a influência primeira da formação familiar destas.
Quando a escola se propõe a dar aulas de “Dança e Expressão Corporal”, o sítio eletrônico traz as características desta –até porque não tivemos oportunidade de efetivamente participar, e fugiríamos do foco desta pesquisa- afirmando que “Os novos currículos escolares da primeira infância que trazem a tendência de incluírem artes criativas têm ganhado lugar de honra dentro da educação. As crianças aprendem pelas experiências do próprio corpo a agirem livremente no espaço em que vivem, interagindo com as pessoas que as cercam.” O ambiente escolar desta escola específica tem por objetivo deixar seus alunos ambientados de maneira mais livre possível, mas como uma pesquisa que busca relativizar seus objetos de estudo, é preciso apontar aqui quais as formas de limitações de ambientes “escolarizantes”. Uma frase da professora de Dança da TicTacToe, nos aponta para esse questionamento: “Eu acho que a escola é principalmente um lugar que vai ensinando desde muito criança, ela entra com três [anos], aí ela entra na salinha, senta na cadeirinha, por mais que ela tenha tempo pra brincar, ela sabe que tem o momento de sentar, e ela sabe que conforme ela vai crescendo vai mudando a sala, o jeito de se relacionar com os outros dentro e fora da sala.”


Considerações Finais
A partir da análise da discussão bibliográfica fica evidente que o ponto de liminaridade, em um processo de escolarização ocidental padrão, ocorre no período dos cinco aos seis anos de idade e é nessa passagem que o pensamento infantil deixa de ser sincrônico, híbrido e passa a se constituir dentro dos valores de cientificidade da sociedade ocidental moderna.


Bibliografia

COHN, Clarice. Noções sociais de infância e desenvolvimento infantil. In Cadernos de Campo v.9, ano 10, p13-26, 2000
GUSMÃO, Neusa. Antropologia e Educação: origens de um diálogo. In Caderno CEDES v.8, n.43, 1997
TASSINARI, Antonella. Múltiplas infâncias: o que a criança indígena pode ensinar para quem já foi à escola- ou a Sociedade contra a Escola. Comunicação apresentada à 33ª ANPOCS, 2009
VALENCIO, Norma et al. A heterogeneidade representacional na Amazônia nos desenhos de crianças nativas. In Somanlu, ano 7, n.1, 2007
LÉVI-STRAUSS, Claude - Antropologia estrutural. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1970
LATOUR, Bruno. Jamais Fomos Modernos: Ensaios de Antropologia simétrica. 1994
DUMONT, Louis. 1985. O Individualismo: Uma Perspectiva Antropológica da Ideologia Moderna. Ed. Rocco, Rio de Janeiro.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Alguns aspectos do pensamento Yawalapití (Alto Xingu) : classificações e transformações. In: OLIVEIRA FILHO, João Pacheco de (Org.). Sociedades indígenas e indigenismo no Brasil. Rio de Janeiro : Marco Zero ; UFRJ, 1987
ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar. 1978
CALDEIRA, Laura Bianca.O conceito de infância no decorrer da história popular. 2009

Webgrafia

Espaço Corporal. Disponível em:
TIc Tac Toe. Disponível em:
Nova Escola. Pensamento Infantil- O Desenho da Criança. Disponível em:
Nova Escola. Pensamento Infantil- Os fenômenos naturais. Disponível em:



Patricia Polastri; Priscila Rabelo










quarta-feira, 9 de março de 2011

Psicodália 2011



Excepcionalmente sensacional!

Ouvir frase como “Isso tudo é muito lindo”, “Mais um ,mais dois, mais três” até “é só alegria” em exatamente 5 dias foi alucinadamente e sem discussões uma das minhas melhores experiências, trocas de vivências, energias, sensações, e sentimentos que eu nunca havia sentido antes. Coisas que nem a ciência, nem a religião ou qualquer teoria antropológica poderia explicar.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Mesmo ausente presente!


Me acompanhando pelas madrugadas entre risos e discusões astrológicas, entre desabafos e suspiros pelo simples fato de conseguir entender a importância das pequenas coisas!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Devaneios


Então tudo que antes havia se perdido na escuridão dos pensamentos, reaparece de forma e conteúdo diferente. Logo só resta uma coisa a fazer...




Experimentar!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Como comprovar uma teoria...



Morando há quase quatro anos em uma cidade que grande parte dos universitários são do gênero masculino e cursam engenharia...
Ou melhor eu poderia focar ainda mais...Sendo uma mulher no meio de um monte de engenheiros no ritimo da dança de acasalamento...
O que importa é: Comprovei uma teoria!
Pensando a partir de reflexões antropológicas fica facil entender o distanciamento com seus diferentes. É asssim em toda sociedade. Temos receios e até um pré conceito sobre determinados esteriótipos.
E não adianta dizer: " Esse lance de preconceito é coisa do passado de gente sem informação". Concordo em alguns casos... Preconceito de cor, gênero, classe social sim. Esses eu abomino. Mas pensando em parâmetros menos polêmicos eis que denuncio o meu pré-conceito: Engenheiros!
Então em um sabado a noite, geralmente são nos sabados a noite que tudo pode acontecer, até porque isso já foi cantado, escrito, virou nome de filme...Enfim prestes a completar mais um ano de uma vida tumultuado decido fazer algo bem diferente do que costumo fazer. Ir à uma balada "fita"*. Fiz o que geralmente se faz de costume: dancei, bebi, bebi mais, bebi mais um pouco, comecei a fazer amizade com desconhecidos e sai com alguem.
O problema da noite toda se resume a quem seria esse alguem. Esse alguem era um engenheiro e indo contra todos os meus pré conceitos estabelecidos até ali resolvi dar uma chance a minha imaginação...
Quando digo engenheiro quero deixar bem claro, toda regra tem sua exceção e sim eu conheço algumas. Mas como toda pesquisa deve ter suas conclusões baseadas na repetição de dados ocorridos em determinado tempo e lugar acabei comprovando uma teoria.

Em primeiro lugar nunca sai com alguêm que diga " Eu SEMPRE consigo TUDO o que eu quero"
Segundo nunca saia com um cara que aposte com você que ele não vai querer te comer, sim ele vai tentar te comer
Terceiro nunca dê seu numero de telefone que te chame de gostosa mais de 20 vezes na mesma noite ( mesmo você fazendo movimentos pudinzinho com os inumeros furos provindos das gorduras localizadas das suas pernas.
e por último nunca sai com um cara que pague a sua conta e da sua amiga afirmando ainda não não vai querer te comer.
O fato é que apesar de todas essas evidencias ainda sim o efeito "alcool no sangue foi mais forte".
Depois disso deixo que tirem as próprias conclusões a partir das trocas de mensagens...
Coleta de dados no trabalho de Campo

Msg 01: Surpresa? E agora?! Ficamos na dependência do acaso, ou marcamos? Falaste q se eu tivesse boa memoria... Até paixão! Fulano.
Resp: Bom pra vc que tem boa memoria. Eu sempre dependo do acaso haha.bj
Msg 02: Uh ...q grossa ! Ta braba? Tranquilo então bonita, mas, como tuas opiniões variam rápido hein tche!Não dá pra levar muito “ao pé da letra” o que tu falas então?
Resp: Eu sou volatil e inconstante.
Msg 03: Olha... tens meu numero tb! A hr q quiser, liga. Ou , p/ quem gosta tanto d sexo, quando quiser ser D FATO bem comida , liga. Pq uma foda bem dada tu não conhece, ctz!
(OBS: De fato eu já fui bem comida, a ponto de saber que seria um disperdicio de tempo transar com você)
Msg 04:Prova anjo, ou foge, sei la! Mas tenho a sensação de que essa é uma surra q tu nunk vai saber o saber, infelizmente!Certo? Isso não muda nada , gnt Boa.
( OBS: Surras com sabor? Unh..rs)
Resp: ha ha ha
Msg 05: Neguinha? Braba? Seguinte: estão afim de sair conosco, comer uma pizza ? Bju, lindinha fica braba comigo não!
( OBS: Se eu tenho cor de bunda azeda que raios de caralho a quatro esse cara me chama de neguinha?)
Resp: Não to brava! Combinei de sair com um brother meu.
Msg 06: Um brother se deu bem, muito bem pra essa noite então. Fico triste , mas ta tranquilo! Nem vou mais encomodar, pq ja vi q não vais sair comigo msm , então ...foi um prazer! Boa festinhas pra vc. Bjs
Msg 07: Agora ANTES de perguntar o nome de uma menina, vou perguntar se ela é MEMORIA ROM : volatil e inconstante! Hehe. Tu es muito bacana guria , é uma pena!
Resp: Pena do q? Qdo souber de alguma festa legal do um toq!
( OBS: Quem tem pena é galinha...ahahahaahahaahah)
Msg 08: Não, não... é q pelo q parece foi so isso msm. E pena, é por tu não ter interesse em mim. Afinal, eu queria um pouco mais! E pena tambem que pra ti foi o suficiente, infelizmente! Prefiro uma festa particular aqui em casa eu e tu.
Msg 09: Tens planos pra hoje minha florzinha d maconha?! Arruma um espaço na tua agenda pra mim. Bjs
Resp: mas é claro que tenho planos vou sair com meu professor de ginastica
(OBS: Nessa altura do campeonato ele ainda não entendeu)
Msg 10: Tche e comigo tu não vai sair não?! Hehe. D repente eu ja esteja sendo invasivo dimais neh?! Não tem espeço pra mim então é isso?
Resp: Exatamente.
(OBS: A próxima msg é de dar dó, depois de uma leve rejeição, vem o contra ataque deprimente de um desesperado por atenção)
Msg 11: hehe. Tenho pena de ti e d quem t criou assim, pobre coitado! A proposito: teu problema com engenheiro é QI e STATUS, infinitamentes superiores! Boa sorte tadinha. Bju
Resp: hahahahaha
(OBS: Concordo no Q.I , o de um engenheiro é inferior e isso foi facil de comprovar até agora)
Msg 12: Mencionei que sou casado?! To a trabalho, sexta volto pro RS. Foi um prazer! Aqui findamos o assunto. Apesar de tu NÃO VALER aqueles 290 reais foi bacana!Nda pessoal.
Resp: de boa você é muito engenheiro. Alias acho que você merece saber. Não transei com você porque tinha certezza q éra um idiota o bom é que foi o motivo de riso entre meus brothers
(OBS: Olha a matématica : Agora eu teria que pagar por mim e por ele depois de toda uma encenação de cavalherismo rudimentar)
Msg 13: Não entendi a metafora , mas eng eu sou e bem sucedido. oLha, até ia dar minha conta pra p devolver 130 q as cabem . Mas vai fazer muita falte neh chinelona?! Então deixo quito, presente.
Resp: Aff de boa, você entrou no topo da lista dos caras mais babacas q eu ja sai. Parabens.
( OBS: Quem tem o Q.I alto agora, como assim não entendeu que foi motivo de chacota )
Msg 14:Nem quero mudar o que acha a meu respeito, pq pra mim tanto faz. Nda pessoal mesmo, es uma guria legal, so to meio de mal com a vida , desculpa qualquer coisa dita ta? Fica bem.
Conclusão: LAMENTÁVEL.